O bimestre letivo que se iniciava tinha um conteúdo programático: colonização do Brasil.
Era a oportunidade para que o ensino de História tivesse algum sentido e possibilitasse alguma transformação.
Dessa forma, foi elaborado um cardápio de atividades
didático-pedagógicas para serem realizadas em grupo depois de ministradas aulas que sintetizaram os principais aspectos da colonização na América Portuguesa. As
atividades tinham como foco resgatar a importância da presença negra no Brasil
sob um viés axiológico, ou seja, com o intuito de valorizar a cultura africana e afro-brasileira,
tendo em vista a observância de recorrentes piadas racistas no ambiente
escolar.
Abaixo, seguem as instruções que foram disponibilizadas aos alunos. Na sequência, mostramos um pouco da culminância da atividade, que ocorreu no dia 12 de novembro de 2016, por ocasião do dia da Consciência Negra e envolveu pais, mães e a comunidade escolar.
INSTRUÇÃO AOS ALUNOS (7º ano)
Escolha apenas uma das atividades abaixo. Todas as atividades são em grupo. Cada grupo terá duas semanas de aula para preparar sua apresentação. A culminância acontecerá com a presença de pais, mães e colegas de outras turmas.
Atividade 1 - Desfile de Beleza Afro-Brasileira
Grupo: 3 a 5 alunos
Durante 400 anos chegaram africanos de diversas regiões ao Brasil, de Angola, da Senegâmbia, da Costa do Ouro etc... Eles trouxeram ao Brasil sua cultura e sua arte. Sua arte e sua cultura se expressava, também, na forma como pintavam seus rostos e usavam seus cabelos. Estude sobre os diversos povos africanos que vieram para o Brasil, observe como eles usavam seus cabelos e pintavam seus rostos através da análise de documentos históricos e, por fim, organize um desfile de moda que tenha como objetivo mostrar a beleza dos penteados e ornamentos africanos e afro-brasileiros. Antes do desfile, o grupo deve explicar rapidamente sobre a diversidade de povos africanos que vieram ao Brasil, diferenciando esses povos uns dos outros. Os (as) modelos que desfilarão podem ser de qualquer turma da escola.
Antes de realizar preparar a atividade, leia esse texto:
Depois de ler o texto acima, leia e observe com atenção os slides que estão no link abaixo:
Atividade 2 - Jongo
Grupo de 4 a 6 alunos.
Estude sobre o Jongo e organize uma apresentação artística para demonstrar um pouco dessa importante manifestação cultural afro-brasileira. Antes da apresentação da dança, o grupo deve explicar brevemente ao público sobre os aspectos históricos do Jongo.
O material abaixo destina-se ao professor, não aos alunos. O professor deve adaptar esse material e valer-se dele para orientar os alunos na atividade.
Atividade 3 - Teatro: resistência escrava
Grupo de 4 a 6 alunos.
Achamos um jornal muito antigo, que tem quase de 150 anos de idade. O nome do jornal é Diário de Belém. Um dono de escravos publicou um anúncio para tentar recuperar uma família inteira que havia fugido. O anúncio foi publicado no dia 19 de janeiro de 1869. Leia o jornal abaixo e depois elabore um teatro imaginando qual foi o destino dessa família. Pesquise sobre quilombos e comunidades quilombolas. Leia também o texto que está nesse blog "O negro na História do Pará":
Escravos fugidos
A Antonio Joaquim de Castro, lavrador no furo Meritipucu do município de Igarapé-miri fugiram no dia 5 de dezembro de 1867 os escravos seguintes:
Domingos, côr preta, de idade 22 anos, de estatura alta, rosto comprido, nariz algum tanto afilado, tendo no lado direito do peito uma cicatriz de ferida.
Clara, irmã do (...) Domingos, preta igualmente, de idade 32 anos, pouco mais ou menos alta, pescoço (...) comprido, nariz também um pouco afilado, tendo fino para a ponta o dedo indicador da mão direita, o qual pouco funciona no movimento de vergar.
Esta escrava [Clara] levou na fuga duas crias, uma de nome Hilária, de cor preta, idade 4 anos, tendo um sinal de queimadura na região do ombro esquerdo.
A mesma escrava [Clara] levou ainda um filho de nome Manoel, de ano e meio de idade e da mesma cor da mãe.
E pede-se a quem os aprender os entregar ao dito senhor no referido furo do Meritipucu.
Extraído da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional (www.hemerotecadigital.bn.br)
Atividade 4 - Maquete ou Mural sobre os Navios Negreiros
Grupo de 3 a 4 alunos.
Estude sobre a forma como milhões de africanos foram trazidos para o Brasil. Trata-se de uma história violenta e triste.
Após estudar, monte uma maquete de um navio negreiro ou um mural.
No dia da culminância o grupo deve explicar a todos como funcionava essa travessia do Oceano Atlântico.
Leia os textos abaixo:
Esse trecho do filme Amistad retrata a violência do tráfico de escravos.
Atividade 5 - Documentário sobre religiões afro-brasileiras
Grupo de 4 a alunos.
O grupo deve ir, acompanhado do professor, a um local onde ocorrem manifestações religiosas afro-brasileiras. Pode ser um terreiro de candomblé, de umbanda de tambor de Mina ou de qualquer outra religião de matriz africana. O grupo deve fotografar o local e entrevistar as pessoas, sobretudo as lideranças religiosas. Por fim, o grupo deve produzir um breve documentário que explique a origem e as características das religiões afro-brasileiras e mostre um pouco sobre o local pesquisado.
Antes de ir ao local observar, realizar as filmagens, fotografias e entrevistas, o grupo deve estudar sobre o assunto.
Leiam os textos abaixo:
Culminância da atividade (12 de novembro de 2016, Escola Estadual Cristo Redentor, Abaetetuba)
Breve documentário sobre as religiões afro-brasileiras produzido por alunos do 7º ano, depois de uma visitação a um terreiro de candomblé.
A valorização da cultura afro-brasileira era um dos objetivos da atividade.
A culminância contou a com um bom público e muitos colegas de outras turmas.
Desfile da beleza negra.
Apresentação de capoeira
Apresentação de Jongo
Auditório da Escola Estadual Cristo Redentor com um bom público
Foram elaborados, pelos alunos, mapas do mundo em 1500 e do mundo em 1750, os quais tinham como objetivo auxiliar o entendimento do processo de colonização da América. Conferir a atividade postada nesse blog: http://historianochaodasaladeaula.blogspot.com.br/2015/01/historia-sem-geografia-nao-da-ou-como.html
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